A indefinição em relação ao final da guerra comercial travada entre a China e os Estados Unidos está trazendo inúmeras consequências para o setor agrícola global. De acordo com o Dr. Bob Fairclough, perito do Kleffmann Groups e consultor principal da AgriGlobe, a atual situação promoverá mudanças significativas na forma como o comércio flui.
“A China ainda está importando soja dos EUA; apenas via Argentina como óleo processado. Isso, por sua vez, pressiona os agricultores argentinos. A União Europeia enfrenta agora muito mais importações de óleo de soja ‘despejado’, o que pressiona os produtores já pressionados da canola da UE. O comércio dos EUA procura novos mercados como o Paquistão; colocando pressão sobre as relações indianas / americanas e a política indiana”, comenta.
Além disso, ele explica que outros fatores comprovam essa tese. “Os já crescentes produtores de soja da Rússia no extremo leste do país ganham um bônus adicional; mas, por sua vez, coloca pressão sobre os produtores do trigo da safra central prejudicando o potencial de exportação, o que, por sua vez, permite que o trigo francês volte a competir nos mercados globais, como as licitações do Egito. Os cenários são realmente infinitos”, completa.
“Os produtores americanos serão atingidos inicialmente em duas frentes. Assim como o cinturão de milho dos EUA está começando a secar e os agricultores estão no meio do plantio, pode haver agora menos hectares plantados para a soja. Os produtores chineses estão vendo um aumento nos preços dos defensivos agrícolas, bem como, em alguns casos, uma escassez desses produtos. Mais tarifas sobre esse produto exportado para os EUA só vão exacerbar essa tendência”, conclui.
Fonte: Agrolink